novembro 15, 2011

Entrevista de Robert Pattinson ao The Scotsman

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Robert Pattinson está perplexo com o quão famoso ele é. Enquanto a saga Twilight chega ao fim, o ator, uma curiosa mistura de charme e estranheza, oferece uma espiada em seu mundo surreal

“Eu estava no ônibus 209 semana passada,” Eu digo sem pensar a Robert Pattinson como uma introdução. Ele olha desconfiado. É bem justo. Estamos em Los Angeles, em uma sala no 10º andar do hotel Four Seasons e o 209 é um ônibus que roda pelo sudoeste de Londres. A razão de eu falar isso é porque ele pára em Barnes, no subúrbio, onde Pattinson cresceu e onde seus pais ainda vivem. É uma aldeia, na verdade, singular e muito Inglês, salpicado com antigos pubs freqüentados por senhores mais velhos em meias vermelhas e calças, o traje casual do banqueiro aposentado. Definitivamente não é Beverly Hills.

“Esse é o ônibus que vai para onde meus pais moram”, diz ele, parecendo confuso. “E é o ônibus que eu peguei para a minha escola preparatória em Sheen.”

Eu não mencionei o 209 para assustar Pattinson, embora eu esteja aprendendo rapidamente como ele é arisco. Eu não estava tentando ser esquisita, ou quebrar o gelo; eu estava apenas com o objetivo de dizer algo comum, algo simples e real, porque não é difícil perceber que simples e real não são as características principais da vida de Pattinson. Afinal, ele é Edward Cullen, o triste herói vampiro da Saga Twilight, a potência cinematográfica que começou em 2008 e, com um lançamento a cada ano desde então, chegando ao fim com Breaking Dawn, a primeira parte que será lançada este mês, seguida pela segunda e última parte, já gravada, mas para ser lançada em novembro de 2012.

Antes de Twilight, Pattinson, 25 anos, era anônimo. Agora, não há qualquer lugar que ele possa ir sem ser reconhecido. Lojas de pizza em Yorkshire, bares de karaokê no Texas – não há fuga de Edward Cullen e os milhões de fãs que querem ter seus pescoços mordidos, mães que gostariam de ter suas filhas autografadas (verdade) ou, no mínimo, uma foto para colocar no Facebook.

É a razão por Pattinson viver em hotéis, para ficar um passo à frente. “É bom ser capaz de escapar”, diz ele. “Mas eu comecei a sentir recentemente que ter uma casa seria bom. Você meio que se perde quando você está vivendo com malas o tempo todo. Mas se eu tivesse uma casa eu me preocuparia muito com isso. E eu odeio gastar dinheiro. Se eu pudesse encontrar uma casa de graça seria incrível.”

Ele ri e parece sério de novo. É a entrega Pattinson típica, uma espécie de fluxo suave de consciência na qual ele fala dele mesmo vez ou outra nas coisas, então libera um pouco de humor para deixar as coisas leves, nem sempre de forma convincente.

“Eu aluguei uma casa em Los Angeles no ano passado”, diz ele. “Foi ótimo por muito tempo e, em seguida, as pessoas descobriram sobre ela e então haviam pessoas do lado de fora o tempo todo. Eu tinha que sair para o trabalho e as pessoas iam até lá e tiravam fotos de si mesmas ao lado da casa. Pessoas são loucas.”

Você não tem que realmente ter visto nenhum dos filmes de Twilight para saber sobre o que se fala. Baseado nos romances de grande sucesso de Stephenie Meyer, os filmes contam a história do fadado romance entre Edward, um vampiro de 110 anos de idade que parece sempre ter 17, e Bella (Kristen Stewart), que é humana. As três primeiras partes que foram lançados desde 2008 fizeram quase US$ 2 bilhões. Eles também transformaram Pattinson em uma estrela global.

O corredor do hotel está lotado com mais mulheres com pranchetas que eu posso contar. Elas estão em pares, marcando coisas (o que eu pergunto?). Fora do quarto em que Pattinson se encontra, sentado em um canto, parecendo tão discreto como um astro seis estrela pode parecer, vestido com jeans e Converse, com uma camiseta parecendo suja por debaixo de uma jaqueta de lona, há dois corpulentos guardas de segurança com inescrutáveis expressões faciais e jaquetas que estão ligeiramente forçando o botão.

“Há mais organizadores aqui do que temos no set,” Pattinson diz. “Tendo seguranças subindo e descendo o corredor como se algo fosse acontecer está me deixando louco”.

Não é à toa que ele está nervoso. Ele teve algumas experiências arriscadas. A última vez que ele estava em Londres (promovento ‘Water for Elephants’, no qual ele estrelou com Reese Witherspoon), ele foi seguido por um fotógrafo particular durante toda a semana. Era estranho, diz ele, e isso ficou perigoso.

“Nos Estados Unidos existem muitas pessoas que me seguem ao redor ao mesmo tempo, mas este era apenas um cara que estava atrás mim o tempo todo que eu estava lá. Ele estava obcecado. Entrei em um táxi e ele desceu de sua moto e foi entrar no táxi. Ele apenas abriu a porta e tentou entrar, mas ele tinha um capacete de moto e eu literalmente pensei que ia ser assassinado.”

Eu confiro para ver se ele está brincando. Ele meio que está, mas não totalmente.

“Foi a coisa mais louca, a coisa mais estranha que já aconteceu. E o taxista só deu a partida porque ele estava assustado também. O cara caiu. Era como um filme de ação”.

Não é difícil entender então por que Pattinson é cuidadoso. Você também seria se você fosse o tema de um aplicativo chamado “Onde está o Robert?”, que detalha todos os seus movimentos para os fãs de seguirem. Mas há algo mais também. Em cada entrevista que Pattinson já deu, pelo menos tanta atenção está focada em sua meteórica ascensão à fama e todas as suas armadilhas quanto em sua atuação que o levou realmente lá. É impossível não se focar nisso, em parte porque é tão extremo e em parte porque ele parece tão confuso com isso, tão genuinamente desconfortável e inadequado com a coisa toda.

A questão é: como alguém tão auto-consciente, estranho e auto-depreciativo acabou iniciando sua carreira no cinema em uma massiva franquia de filmes (Pattinson foi Cedric Diggory em dois filmes de Harry Potter) e o protagonista em outra?

Do jeito como Pattinson conta, tudo foi um pouco como um acidente. Ele começou a ir ao Barnes Theatre Club porque seu pai lhe disse que ele ia conhecer garotas lá. Então, houve um período como modelo (a mãe dele trabalhava para uma agência de modelos), mas ele era “lixo” e não conseguia qualquer emprego. Ele tinha 17 anos quando conseguiu o papel de Diggory em ‘O Cálice de Fogo’, depois de ter dormido na fila de fora da sala de audição. (Ser muito relaxado parece funcionar para Pattinson. Ele tomou meio Valium antes de sua audição para o primeiro filme de Twilight.) Houve um ligeiro brilho após os filmes de Potter quando ele conseguiu um papel em uma peça no Royal Court, mas foi demitido antes da noite de estréia, mas não muito tempo depois Twilight apareceu e foi isso.

Não há dúvida de que ele se sente com sorte, senão levemente incrédulo, de que as coisas funcionaram do jeito que tinham que funcionar, mas ele avalia que ter “caído” em sua carreira faz com que seja mais difícil para ele lidar com toda exposição e atenção que se passa com o seu nível de fama.

“Pelo menos, se você estivesse se esforçando para isso por toda a sua vida, então você tem essa justificativa – isto é isso mesmo e é isso que eu queria. Talvez você não se sentiria desiludido com isso. Eu acho que as pessoas que realmente trabalham por isso tem essa parte de sua persona que está pronta para isso quando eles se tornam famosos. Quando eles entram numa sala e todo mundo se vira eles estão tipo ‘sim, eles devem estar olhando para mim’. Quando eu entro em uma sala e todo mundo se vira eu me sinto exatamente como antes de Twilight, que é tipo ‘O que está acontecendo? Isso é estranho.’”

Mas certamente ele devia querer isso um pouco?

“Eu queria algo”, ele diz com um encolher de ombros.

Pattinson pode não se adequar em ter a personalidade de um galã, mas quando se trata em como ele parece, é uma história diferente. As maçãs de seu rosto se salientam de uma forma quase inconveniente. As sobrancelhas grossas lhe dão uma intensidade melancólica (sua aparência foi descrita como byroniano por um produtor do primeiro filme de Twilight) e sua boca se projeta em um eterno e natural bico. A Vanity Fair o apelidou de homem mais bonito do mundo. É engraçado então que, quando foi anunciado Pattinson como Edward Cullen, houve indignação. Fãs dos livros foram à loucura – eles pensavam que ele era muito feio, “repulsivo” eles gritaram em fansites na internet. E então, ele apareceu, todo pálido e intenso e todos derreteram. Na verdade, isso os faz soar um tanto quanto passivos. Eles não derretem tanto enquanto se aglutinam em uma multidão berrante que não se cansa do trágico e torturado Edward.

“Acho que fui aceito, mais ou menos”, diz ele se contorcendo. “O motivo pelo qual as pessoas gostam é porque ele está em sua imaginação. Isso significa que o desempenho não importa realmente, é mais sobre se o cara está com a aparência certa. Isso garante um certo grau de aceitação, mesmo que seja uma relutante aceitação. É uma espécie de lavagem cerebral.” Ele ri nervosamente.

Pattinson tem sempre uma explicação que desvia a atenção para longe dele. Ele leva isso com modéstia, embuste com inconsistentes contato visual, uma fonte infinita de histórias discretas e um ar de perplexidade absoluta que cria um constrangimento genuíno. É difícil não simpatizar com seu jeito eu-não-me-importo-com-um-cheque-de-£12 milhões (a quantidade que ele teria ganho com os filmes de Twilight).

Mas nem todos simpatizam. Algumas pessoas acham a estranheza desagradável. Em um grupo ou ao ser entrevistado com câmeras, sua linguagem corporal é um estudo de auto-consciência; ele se dobra como se estivesse tentando desaparecer. Seu bate-papo pode ser igualmente complicado. Ele às vezes ri um pouco mais do que deveria e suas histórias têm uma tendência a irem a lugar nenhum. Um a um, ele fica mais relaxado, mas não é fácil.

E, claro, também há ressentimento. Ou as pessoas estão irritadas com a popularidade de Twilight ou eles estão incomodados que alguém possa simplesmente ter tropeçado em uma carreira como Pattinson. No começo do dia, antes de eu conhecê-lo um a um, eu ouvi um jornalista italiano gordo com os cachos de Kevin Keegan perguntando a ele, “O que aconteceu com seu cabelo?”

É verdade, o cabelo de Pattinson estava parecendo um pouco estranho, raspado de um lado com longos fios do outro. Parecia caseiro. Mas, ainda assim, a pergunta foi rude. E ainda a reação de Pattinson não poderia ter sido mais humilde.

“Foi para o último filme [Cosmopolis] que eu fiz”, explicou. “Eu tinha que ter um monte de pedaços aleatoriamente cortados, então eu ia raspar minha cabeça e então eu raspei uma parte e decidi que meio que tinha gostado.” Ele encolheu os ombros e riu sem jeito. “Eu decidi deixar.”

Você acha que em algum nível o sucesso de Pattinson pode ter mexido com a cabeça dele. De certa forma, é difícil não desejar que tivesse. Não é isso que, ao menos parte, ser uma estrela é – ego?

Pattinson diz que ele era mais metido antes de Twilight, quando ele podia ser quem quisesse, dizer o que quisesse, porque ninguém sabia quem ele era.

“Quando ninguém sabe quem você é, você pode andar em uma sala e dizer qualquer coisa. Você pode dizer que você é a melhor pessoa do mundo e ninguém pode dizer que não é porque não te conhece. Mas agora eles podem dizer ‘Eu te conheço, por que você está tentando ser assim? Por que você está tentando ser assado?’ A melhor coisa que você pode fazer é ficar escondido.”

Mas como ficar escondido de 30.000 fãs que aparecem para ouvir um Perguntas e Respostas de 10 minutos como fizeram no Estádio Olímpico, em Munique? Ou quando você tem que aparecer na Comic-Con e as filas dão volta no quarteirão? Eu me pergunto se ele sente que as pessoas vêm para vê-lo, ou se eles querem ver Edward?

“De certa forma, ajuda pensar que eles estão vindo para ver Edward. Mas por outro lado é triste. Depende do humor que eu estou. É uma coisa engraçada ver uma multidão de pessoas olhando para você e saber que eles não estão realmente vendo você, eles estão apenas vendo tudo o que eles imaginam que você seja.

“Você não pode mudar. Você não pode simplesmente, de repente, decidir ser diferente. Lembro-me de vir para LA antes e eu era uma pessoa totalmente diferente do que eu era em Londres. Eu costumava esperar ansiosamente para vir para três meses de audições porque eu simplesmente podia fazer besteiras o tempo todo e eu me sentia ótimo comigo mesmo, mesmo que eu não estivesse conseguindo nenhum trabalho.” Ele ri do absurdo. “Eu conhecia todas aquelas pessoas realmente interessantes. Mas agora, as pessoas têm preconceitos imediatos sobre mim. Eu acabo tendo muito a mesma conversa. As pessoas presumem que há apenas um ponto para falar.”

De repente, você começa a entender pelo menos uma parte do vínculo entre Pattinson e Stewart, sua co-estrela: eles são sobreviventes de Twilight. Pattinson fala sobre Stewart carinhosamente e ele está claramente cheio de admiração por ela como ator. Nenhum deles jamais disse uma palavra em público sobre se eles estão em um relacionamento, apesar das especulações intermináveis e fotos dos dois juntos pelo mundo inteiro. Mas por que eles falariam? Por que eles desistiriam de algo que, até agora, eles conseguiram manter para si mesmos?

É uma história parecida com a música. Pattinson é um músico talentoso e por um tempo ele achava que a música poderia ser sua carreira. Ele teve uma faixa na trilha sonora do primeiro Twilight. Mas perguntar a ele como isso vai agora faz ele parecer preferir retirar seus próprios dentes do que falar sobre isso.

“Erm, eu só estou escrevendo coisas. Eu realmente não sei. É muito fácil ficar rotulado. Eu realmente não sei como ir com as coisas de música agora.”

Talvez seu sucesso como ator esteja no caminho?

“Completamente”, diz ele, olhando envergonhado. “Por alguma razão todos querem jogar merda nos atores mais do que em qualquer outra pessoa.”

Para ser justo, não há muito tempo para a música. Desde que Pattinson terminou as gravações de Breaking Dawn, ele fez ‘Cosmopolis’ com David Cronenberg e ‘Bel Ami’, uma adaptação de uma história de Guy de Maupassant com o mesmo nome, com Uma Thurman. Será que ele não quer dar uma pausa?

“O mundo se move tão rapidamente agora”, diz ele. “Você sempre tem que ter coisas alinhadas. Especialmente eu. Qualquer pessoa tenha se tornado grande nos últimos anos, a época do Twitter, a sua vida útil é tão curta, porque a opinião das pessoas muda tão rapidamente. Você tem que dar constantes atualizações ou anúncios, mesmo que o filme não exista, só para ter algo para anunciar.

“Você tem que constantemente mudar a percepção das pessoas. É tipo, ‘sim, eu estou interpretando uma robô lésbica’ para que as pessoas não saibam o que pensar. Se você deixar como está, é tipo ‘oh, é só aquele cara de Twilight, que ultrapassado’”.

Mas o problema para Pattinson é que, com o trabalho, vem a promoção e ainda mais atenção e é quando as coisas ficam complicadas. Não há nenhuma razão em lutar contra isso, apenas não é a sua praia.

“A coisa de que eu mais tenho medo, porque tudo está indo nessa direção, é, literalmente, fazer de mim apenas um produto. Assim que você começa a fazer Twitter e anúncios e afastar-se daquilo que estava fazendo e sendo apenas uma personalidade, é quando você começa a ter muito dinheiro, mas é também quando você fica louco. “

O tempo acaba e, para ser sincera eu quase me sinto aliviada por Pattinson. Ele sobreviveu outra entrevista e agora ele pode continuar com suas tentativas de ser invisível.

“Vou pensar em você na próxima vez que estiver no 209″, digo a ele.

“Você provavelmente vai ver a minha mãe”, diz ele. E ri.

Fonte scotsman via mrpattinson

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