TRANSCRIÇÃO (somente da entrevista):
David: Sinceramente, escrevi o roteiro em seis dias, o que para mim é incrivelmente rápido. E a razão para é que eu achei que o livro era muito cinematográfico em sua essência. Os diálogos eram maravilhosos no livro e eu apenas transcrevi o diálogo. O diálogo no filme é exatamente igual ao do livro. E a estrutura, o fato de que a maior parte se passa dentro da limousine atravessando a rua 47 em Manhattan, New York. Então eu só descobri uma estrutura muito cinematográfica no livro, ela já estava lá e apenas veio à tona rapidamente.
Robert: Ele (Packer) é apenas um cara que tem certeza que não está vivendo na realidade certa. Pelo menos foi isso o que percebi no personagem. Acho que é mais uma idéia do que um personagem.
David: Logo no início das filmagens eu percebi que Rob estava perfeito, o que ele estava fazendo com cada frase do diálogo, e eu sabia que você (Rob) sabia em certo nível, mesmo que inconscientemente, você realmente entendeu esse personagem, como um ser humano.
Robert: Não sei por que, mas desde cedo senti uma conexão particular com esse personagem. foi tão estranho, por que na primeira vez que li o roteiro fiquei ouvindo uma ‘voz’, acho que eu poderia ter interpretado o personagem praticamente naquele momento, estava tudo lá, não sei por quê. Você (Cronenberg) não é o tipo de diretor que diz ‘vou lhe ajudar a chegar onde você quer chegar’, o que às vezes, para um ator, é ok, mas muitas vezes é realmente irritante.
David: Estou muito, muito feliz em ter um ator que tem uma boa idéia e simplesmente a executa, precisando somente moldar um pouco aqui e ali. Um bom ator sempre chega ao set com alguma idéia e não precisa ser algo que ele tenha que transmitir com palavras, mas com sua abordagem. E acho que é esse o caso de Rob, sabe? Então eu não precisei muito ‘dirigi-lo’, nós conversávamos muito sobre coisas normais.
É assustador, quando estávamos filmando as cenas de motim anti-capitalista em Wall Street e lemos no jornal ‘Ocupação em Wall Street’, estava acontecendo na mesma época e foi muito estranho pois romance foi escrito há 12 anos. Mas é tão contemporâneo, estava acontecendo exatamente quando estávamos gravando o filme. Não estávamos fazendo o filme por causa disso, mas incrivelmente, o comentário do que estava acontecendo estava lá naquele exato momento.
Usamos CGI (tela verde) nas janelas, o que foi divertido por que o filme tem uma qualidade meio surreal, como um sonho. É realista por que se você estivesse dentro da limousine você veria somente aquilo. E o resultado é uma Nova Iorque muito estranha mas, como eu disse, estranho como fosse, você veria precisamente aquilo. Esta mudança nos permitiu criar o interior da limousine desenvolvido especialmente para Eric Packer, o personagem de Robert. E ele força as pessoas a irem até ele e ocuparem aquele mesmo espaço. Ele não vai a ninguém, ele usa seu poder para trazer as pessoas para dentro (da limousine).
Robert: Me lembro na época das promoções de Crepúsculo, toda vida me perguntavam ‘Você tem medo de ser rotulado?’ E eu dizia ‘Sim, todo mundo tem medo de ser rotulado,’ e três semanas depois que terminei de filmar Crepúsculo consegui este papel e agora estamos em Cannes, é incrível. Se eu pudesse fazer filmes como este pelo resto da minha carreira, seria perfeito.
David: Para um filme independente como este, não temos condições de enviar as pessoas pelo mundo inteiro (para promover). Em Cannes, o mundo inteiro vem até você. É como Eric em sua limuosine. Para mim, Cannes é minha limo e eu forço todos a virem até mim.
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